continuação de Ele voltou IV
Um dos sentimentos que os severílsones mais gostam de cultivar, inconscientemente, os mais singelos, ou não, os sem-vergonhas, é o princípio do destino. Religiões e crenças e rezas e esperanças todas pressupõem que o futuro está determinado e que só nos resta ficar à espera dele. Mas há descontos. Por exemplo, para que se garanta um mínimo de magnanimidade ou para que os mais desesperados não se suicidem ante a ignomínia, podemos fazer algo por nós mesmos enquanto a vida, o dia, a noite, o tempo, o furacão esperam. Esse ínterim é nossa margem de manobra. É como se dissessem, está tudo decidido mas seja feliz enquanto isso, finja que não sabe, que não é com você, o fato de que tua hora e teu lugar já estão marcados não te impede de lutar pelo “avanço”. Enquanto o destino não chega, cabe-nos, dependendo da personalidade de cada um, relaxar viajar trepar cheirar roubar gozar sofrer, se a vítima for das mais ardorosas em termos de religião, tomando de barato que esta Merda é um pré-estágio do paraíso. Uóxito. Somos os mecânicos de deus. Esse tipo de gente — nunca conhecemos alguém que de alguma forma não fosse determinista — não tolera a incerteza. E a incerteza é a única constante de nossa vida. Cada gota de suor que derramamos é para fugir dela. Cada um dos nossos pensamentos, cada uma das nossas emoções, cada um dos nossos horizontes, Uóxito, está baseado na luta para suprimi-la. À medida que crescemos e tomamos pé das coisas e dos aldaílsones que nos cercam, eliminamos seletivamente todos os caminhos que, sabe-se no fundo, somos capazes de seguir mas que logo concluímos que não nos interessam porque aonde vão nos levar é um enigma. E quando chegamos à idade adulta, ao nível de consciência que chamamos maturidade, não podemos mais optar.
continua em Ele voltou VI
Um dos sentimentos que os severílsones mais gostam de cultivar, inconscientemente, os mais singelos, ou não, os sem-vergonhas, é o princípio do destino. Religiões e crenças e rezas e esperanças todas pressupõem que o futuro está determinado e que só nos resta ficar à espera dele. Mas há descontos. Por exemplo, para que se garanta um mínimo de magnanimidade ou para que os mais desesperados não se suicidem ante a ignomínia, podemos fazer algo por nós mesmos enquanto a vida, o dia, a noite, o tempo, o furacão esperam. Esse ínterim é nossa margem de manobra. É como se dissessem, está tudo decidido mas seja feliz enquanto isso, finja que não sabe, que não é com você, o fato de que tua hora e teu lugar já estão marcados não te impede de lutar pelo “avanço”. Enquanto o destino não chega, cabe-nos, dependendo da personalidade de cada um, relaxar viajar trepar cheirar roubar gozar sofrer, se a vítima for das mais ardorosas em termos de religião, tomando de barato que esta Merda é um pré-estágio do paraíso. Uóxito. Somos os mecânicos de deus. Esse tipo de gente — nunca conhecemos alguém que de alguma forma não fosse determinista — não tolera a incerteza. E a incerteza é a única constante de nossa vida. Cada gota de suor que derramamos é para fugir dela. Cada um dos nossos pensamentos, cada uma das nossas emoções, cada um dos nossos horizontes, Uóxito, está baseado na luta para suprimi-la. À medida que crescemos e tomamos pé das coisas e dos aldaílsones que nos cercam, eliminamos seletivamente todos os caminhos que, sabe-se no fundo, somos capazes de seguir mas que logo concluímos que não nos interessam porque aonde vão nos levar é um enigma. E quando chegamos à idade adulta, ao nível de consciência que chamamos maturidade, não podemos mais optar.
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