Ele voltou X

continuação de Ele voltou IX

Inacílsones têm essa mania intolerável de dar conselhos. Você não pede mas eles dão mesmo assim. Te acham um coió eternamente à procura dum mestre pra te ensinar coisas. E essa aporrinhação está sempre associada a outra: adoram explicar. Explicar o quê? Explicar tudo. Acham que tudo e o estoque do Extra Penha merece ser investigado. Talvez. Mas não precisa, Porra. Tudo, não. Às vezes. Venha conosco, nos sentemos nesta mureta, veja, a tarde cai, a noite vem, Caralho, não dá nem pra pensar, os araribaílsones passam na calçada e os olhos vão olhando, meio conectados em cada olhar estranho, demorando mais num, desviando logo o olhar doutro, alguns aceitam a intrusão, se reconhecem etnicamente em tua curiosidade inócua, outros de pronto te hostilizam, mas só o suficiente pra você não insistir, ninguém está ali ao cair da tarde pra comprar briga, chapa, este é o nosso mundo, esta é a nossa tarde, todos somos ameriquílsones, te entendemos, cara, pode olhar à vontade, sabemos que não vai abusar, tem semancol, ai que gostoso flutuar na noitinha no tapete mágico do nosso acordo tácito. Não abuso não abusas não abusa abusemos não.  Só balança as pernas na mureta sem estragar. Tudo chama tua atenção igualitariamente. A penumbra, os sons de longe abafados, a sensação da luz, o farfalhar da roupa dele que passa, o alarido agradável da molecada gastando energia. Ai que país pragmático. Eterna penumbra morenamente democrática. Jogue energia fora não, menina. Oi que vai precisar. Não vamos defender os meninos não. Vocês estão ganhando. Dez anos é? Eu também não. O dia vai desaparecendo. Teresílsones evoluindo. Não ando com lápis, senão ia ter de escrever toda hora. Lembra quando foi a uma vila caiçara? Sim, veja, estes são os trópicos. Temos aqui um comportamento compatível com a importância de todas as coisas. Olha lá. Ai que corpo. Não, não estraga, só balança as pernas. Será que o rebolado interfere nos movimentos da Bucetinha? Ai esses processos internos. O jornaocionao vai começar, hinozinho a ceciílson, mas que olho mais torto esse, outra noite chegando. Ele fala através de nós. Quem? Deus. Mora em mim. Esse aí tem uma tatuagem no calcanhar, sensação abstrata de estar aqui. Oitenta anos. Nenhum objetivo. Nada de decisões então. Hum que olhadinha mais íntima, onde já vimos? Não, não é. Ninguém  atento à nossa presença, somos muitos, muitos, muitos. Aproximadamente. Ele foi condenado por estrupro, diz um ao outro. Já temos idade suficiente, sabemos cumprir nosso dever. Precisa ser macho para ter flexibilidade, diz o outro. Um exército de grilos entoa odes além da luz. Como podemos saber isso? Sempre precisam de algo mais. Pobreza e liberdade. Experimente você também johnny. Tinha um amiguinho imaginário chamado johnny. Vai ver que nuvens azuis também. Será verdade que estamos bem no centro? Sim, por isso somos livres. Somos homem honrado, diz o olhar rígido desse. Podemos falar conosco? No momento não estamos, volte amanhã. Agora vivo num mundo novo, o velho Quecephoda. Olha. A estrela cadente rabiscando o firmamento rumo a Júpiter — destroços de deus. Falando sério, anda depressa. Ai que fome de amor que não nos dá vontade de dedar. Esse outro tem o olhar no futuro, está em reunião consigo mesmo. Pessoas na rua morrendo. Você queria ser mulher? A ideia não sabe, como será ter Buceta? Deve dar uma Puta duma insegurança. Você acha que os homens são satélites das mulheres? Sim, e isso é o mais impressionante. Eu somos. Dessa aí, por exemplo. Gravitemos em segurança, neném. Este é o país da bola, o país das botas, livro sem páginas. Eles estão contentes. O mundo estruturado. Tudo pronto. Como são íntimos os artuílsones. Leia em voz alta. Precisamos liberar a desordem dos nossos corações e fazer da violação a regra, do crime a lei. Experimente você também johnny, que você ainda tem paciência. Mas me respeite por favor.

continua em Ele voltou XI